sábado, 22 de dezembro de 2012

Cansaço

Estou cansada, não sei de quê, ou de quem... Estou simplesmente cansada!
Há momentos na vida em que não quero nada. Nada do passado, nada do futuro, e até o presente me deixa com uma imensa sensação de fastio. Aqueles momentos que me costumavam alegrar deixaram de fazer sentido, as pequenas coisas da vida parecem encolher mais ainda aos meus olhos... E não, não estou deprimida. Estou simplesmente cansada!
Cansada de levar uma vida que toda a gente quer ter e que não me satisfaz... Cansada de não saber sequer o que me faz falta. Cansada de uma vez mais me sentir assim.
Provavelmente preciso de férias, estendida ao sol, numa praia paradisíaca qualquer, ou de um grande amor, ou de uma dor de dentes... não sei! Sei que dou por mim a precisar de abraços como de combustível se tratasse, a dizer coisas que não penso, e a importar-me menos ainda com aquilo que vão provocar as minhas atitudes... Sinto falta de calor, de verdade, de olhos nos olhos. O mundo parece-me cada vez mais plástico, mais igual... E isto tudo faz-me um cansaço...


Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Dias que nem são dias...

Tenho andado às voltas com o controlo do meu mau humor. Não tem sido nada fácil, tenho a dizer, mas vou tentando...
Eu que até andava bem disposta nos últimos tempos, vejo-me agora a braços com uma inquietação que já julgava ter arrumado. Mas isto tudo não surge do nada... Eu tenho o epíteto de "a arrogante", e normalmente nem me incomodo com isso (por vezes até tento justificar essa teoria) mas quando esta ideia começa a ser um obsessão por parte de algumas pessoas, fico preocupada.
Preocupa-me especialmente a injustiça, lá porque uma pessoa não se dobra e prefere não pedir ajuda a quem lhe vai mais tarde esfregar isso na cara, não significa que seja arrogante e mimada. Ou muito menos significa que os pais lhe tenham dado tudo na vida... Às tantas trata-se apenas de uma questão de carácter!
Não, eu não me dobro!
Não, eu não vou deixar de sorrir só porque é isso que se espera!
Não, eu não sou inconsciente!
E, não, tu não me conheces assim tão bem que me possas julgar! Não sabes quem eu sou, de onde vim, e muito menos para onde vou... Se me queres diminuir, força! Eu permito-te! Mas para alguém que se julga dono da justiça, fica a saber que nunca se pode ser dono da justiça sem se conhecer toda a verdade...