sexta-feira, 26 de abril de 2013

Put@ que pariu isto tudo!

Isto de ser parva um dia ainda me mata!
Então não é que eu tenho uma alma podre, e que sou má pessoa e arrogante, e estou sempre na defesa ou no ataque e isso faz de mim irascível...  E estou próxima da melhor alma do mundo, que um dia vai ser uma óptima pessoa quando crescer, puro e desinteressado, e dou com essa alma a falar de mim nas minhas costas. 
É sempre bom saber que transparência e lealdade está fora de moda. É sempre mais fácil ficar sentado a mandar "postas de pescada" e a dizer o que outros deviam fazer. Estou farta da impassividade, de "olha para mim a fazer o meu dever", quando depois se é incapaz de esticar um dedo para fazer mais que isso, quando não se assumem responsabilidades para não falhar. A mim ensinaram-me que só quem faz as coisas é que falha, quem não as faz não pode falhar! Fartinha de gente sonsa já eu estou, e nem é de agora! 
Meu caro, eu avisei que era melhor não me quereres fazer a caveira porque isso normalmente não corre muito bem... Já me calei por duas vezes, e eu sigo sempre o lema "À primeira por graça passa, à segunda por graça passará ou não." Por isso o meu "Para o c@ralho pá!" foi a coisa mais suave que te vai acontecer a partir daquele momento... Eu avisei que estava farta de lobos em pele de cordeiro, e que não gostava de gente sonsa, se não percebeste o recado então para além de sonso és burro!


quarta-feira, 3 de abril de 2013

O Andaime

O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!

Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.

A 'sp'rança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobre mais que minha 's'prança,
Rola mais que o meu desejo. 

Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam - verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer. 

Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou. 

Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida! 

Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido. 

Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só lembranças -
Mortas, porque hão de morrer. 

Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim -
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser - muro
Do meu deserto jardim. 

Ondas passadas, levai-me
Para o alvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.

Fernando Pessoa