"JUNHO DE 1911
Vinte e três anos, vãos inutilmente,
Sou vinte e três remorsos e fastios.
Vinte e três portos de lembrar, sombrios,
Cada um dos passados descontente,
Cada um triste de se ver presente
Na mesma vida vã que os outros, rios
De dor atravessaram fugidios
Só mortas algas indo na corrente
De futuros iguais meio em terror
Quase na crença desassossegada
De ser eternamente assim, passada.
A vida trémula, no eterno horror
De passar, desejar e, desejando,
Nada haver, e ir correndo e acabando."
6/1911 - Fernando Pessoa
PS: Porque neste dia me fazia falta saber o que Pessoa pensou no dia dele...
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