quarta-feira, 8 de maio de 2013

Aquilo que eu sei

Não sei se és tu, ou outra pessoa qualquer, mas sinto-me perseguida. Provavelmente não é nada que venha de ti. Sou apenas eu. A minha própria mente em estado de alerta. A pele, a cor da pele da tua mão. As veias que sobressaem das costas lisas da tua mão. É nela que me perco. Nela e na dobra perfeita da tua camisa preta. Não deixas nada ao acaso, pois não? Tudo em ti é perfeito. Programado ao milímetro. Já te chega o que tens de falhar, não precisas de algo em ti que seja errado, ou desconexo.  Mas olho através de ti, para lá de ti. Por vezes através dos teus olhos, como se de janelas se tratassem. Vejo ao longe as árvores e as casas, o céu e as nuvens, tudo ao fundo é perfeito, é difuso e longínquo e por isso mais perfeito que tu. Continuas a falar e a tua voz pomposamente colocada soa-me agressiva e desconexa. Errada mesmo. Quero ir além, além da perfeição que auguras, quero mais. Quero o diferente, o errado, o perfeitamente imperfeito. A conjugação de coisas erradas que por algum acaso do destino, parecem ficar certas. É esta a perfeição que quero, o conjunto do imperfeito, não o todo da perfeição. E é nisto que penso a cada curva da estrada. A tua voz soa-me de novo aos ouvidos, relaxados do descanso, chamas-me, é o meu nome o que formula essa tua voz perfeitamente colocada, retirando-me à serenidade dos meus pensamentos e trazendo-me de volta. De volta à tua realidade. Tão longe da perfeição e tão perto daquilo que eu tenho como sonho.

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